terça-feira, 12 de março de 2013

Plano de aula: Entrevista com defuntos históricos

 A proposta é ao mesmo tempo trabalhar o contexto histórico e a escrita, sugerimos então uma possível parceria entre professores de história e português.
Sugerimos que seja pedido aos alunos que retire de um texto – pode ser ele autobiográfico, ou não – tópicos e os utilize em perguntas, e respostas.
Confira abaixo um exemplo retirado da revista Aventuras na História de setembro de 2005, sobre Evita Perón:

No processo de aprovação da lei para permitir o voto feminino, Eva Perón, já casada com o presidente argentino Juan Perón, virou porta-voz das mulheres. Mas o apoio foi malvisto pelas feministas. Quando a lei foi aprovada, o ato foi entendido como gesto de manipulação peronista. Pioneira entre as celebridades com atuação política, Evita atraiu a reprovação de quem achava um escândalo uma estrela do rádio ser a primeira-dama. Mas sua empatia com o povo era inigualável. Prova disso foi o famoso discurso do Cabildo Aberto, em agosto de 1951, quando 2 milhões de argentinos pediram a candidatura de Evita à vice-presidência. Pouco depois, em 26 de julho de 1952, Eva não resistiu a um câncer de útero. Seu funeral parou o país. E o mito estava apenas começando.

História – Como foi sua infância? Não é o tipo de profissão com que a gente sonha, ser primeira-dama.
Evita – Compañera! Não, eu não sonhava em ser primeira-dama! Muito menos em virar “Líder Espiritual da Nação Argentina”, como me nomearam, para minha mais profunda honra, poucos meses antes da minha partida desse mundo aí. Eu apenas sonhava com uma nação justa! Uma nação onde prevaleceria a vontade daqueles que trabalham! Uma nação que nada teria a temer…
Desculpe interromper, mas não estamos em um comício. É só uma entrevista.
Desculpe, niña! É a força do hábito… Mas eu não pensava em ser primeira-dama. Quando criança, não saía do cinema da minha pequena cidade, Junín. Me encantava a carreira artística! Por isso, aos 16 anos, apesar do desgosto de minha mãe, fui tentar a sorte em Buenos Aires.
A senhora era chegada num palanque, não? Quando descobriu a vocação?
Eu recitava poesia na escola. Como contei em minha autobiografia, A Razão da Minha Vida, “parecia que eu queria dizer algo aos outros, algo que eu sentia no fundo do meu coração”.
Já uma coisa que a senhora nunca quis dizer aos outros é sobre seu pai, que não se casou com sua mãe porque já tinha esposa em outra cidade.
Isso era bem comum naqueles tempos. Mas é claro que essa história me desagradava. Tanto que, ao me casar com Perón, arranjei um jeitinho de alterar minha certidão de nascimento. Como se já não bastasse tudo o que eu tinha que aturar, teria de andar com o rótulo de bastarda? Eu não daria esse gostinho àqueles que jamais me entenderam – e que jamais me entenderão!
A senhora está fazendo de novo…
Opa. Perdón!
Mas se esse era o motivo para alterar a certidão de nascimento, por que diminuiu três anos de sua idade?
E eu sou besta? Que mulher não quer parecer (ou melhor, ser) mais jovem? Aproveitei a ocasião, querida. Daí que pensaram que eu havia morrido com 30 anos. Mas, cá entre nós, eu tinha 33.
Como conheceu Juan Perón?
Em 1944, quando um terremoto atingiu a cidade de San Juan, Perón, que era chefe da Secretaria de Trabalho, convocou os artistas para levantarem fundos e ajudar os sobreviventes. Eu estava entre a escalação. No último dia, tivemos um baile de gala com as autoridades. Foi lá que o encontrei.
Quando viva, a senhora fez uma grande viagem pela Europa. Mas também viajou à beça depois de morrer, certo?
É verdade, chica. Perón saiu da Argentina às pressas com o golpe de 1955. Meu corpo, embalsamado, ficou aos cuidados dos militares que destituíram meu marido. Me esconderam em um túmulo na cidade de Milão, na Itália, sob o nome de María Maggi. Isso só foi descoberto em 1971. De lá, fui para a Espanha, onde Perón estava exilado. E só me levaram de volta à Argentina em 1975. Olha, foi cansativo…
O que achou de ser interpretada no cinema pela cantora Madonna?
Sou fã da Madonna, niña. Ela representa o poder feminino, que eu também representei em outros tempos. Mas meus caros argentinos não gostaram muito, não. E eu os entendo. Para eles, não há mulher à altura de Evita Perón!

- Avalie a entrevista levando em conta os seguintes tópicos:

a) Nexo em perguntas e respostas.
b) Identificação do questionador e do entrevistado.
c) Titulo da reportagem.
d) Breve descrição do entrevistado.
e) Ortografia.
f) Adequação ao tempo histórico. 

FONTE: Brasil Escola