A proposta é ao mesmo tempo trabalhar o
contexto histórico e a escrita, sugerimos então uma possível parceria entre
professores de história e português.
Sugerimos que seja pedido aos alunos
que retire de um texto – pode ser ele autobiográfico, ou não – tópicos e os
utilize em perguntas, e respostas.
Confira abaixo um exemplo retirado da
revista Aventuras na História de setembro de 2005, sobre Evita Perón:
No
processo de aprovação da lei para permitir o voto feminino, Eva Perón, já
casada com o presidente argentino Juan Perón, virou porta-voz das mulheres. Mas
o apoio foi malvisto pelas feministas. Quando a lei foi aprovada, o ato foi entendido
como gesto de manipulação peronista. Pioneira entre as celebridades com atuação
política, Evita atraiu a reprovação de quem achava um escândalo uma estrela do
rádio ser a primeira-dama. Mas sua empatia com o povo era inigualável. Prova
disso foi o famoso discurso do Cabildo Aberto, em agosto de 1951, quando 2
milhões de argentinos pediram a candidatura de Evita à vice-presidência. Pouco
depois, em 26 de julho de 1952, Eva não resistiu a um câncer de útero. Seu
funeral parou o país. E o mito estava apenas começando.
História –
Como foi sua infância? Não é o tipo de profissão com que a gente sonha, ser
primeira-dama.
Evita – Compañera! Não, eu não sonhava em
ser primeira-dama! Muito menos em virar “Líder Espiritual da Nação Argentina”,
como me nomearam, para minha mais profunda honra, poucos meses antes da minha
partida desse mundo aí. Eu apenas sonhava com uma nação justa! Uma nação onde
prevaleceria a vontade daqueles que trabalham! Uma nação que nada teria a
temer…
Desculpe
interromper, mas não estamos em um comício. É só uma entrevista.
Desculpe,
niña! É a força do hábito… Mas eu não pensava em ser primeira-dama. Quando criança,
não saía do cinema da minha pequena cidade, Junín. Me encantava a carreira
artística! Por isso, aos 16 anos, apesar do desgosto de minha mãe, fui tentar a
sorte em Buenos Aires.
A senhora
era chegada num palanque, não? Quando descobriu a vocação?
Eu
recitava poesia na escola. Como contei em minha autobiografia, A Razão da Minha
Vida, “parecia que eu queria dizer algo aos outros, algo que eu sentia no fundo
do meu coração”.
Já uma
coisa que a senhora nunca quis dizer aos outros é sobre seu pai, que não se
casou com sua mãe porque já tinha esposa em outra cidade.
Isso era
bem comum naqueles tempos. Mas é claro que essa história me desagradava. Tanto
que, ao me casar com Perón, arranjei um jeitinho de alterar minha certidão de
nascimento. Como se já não bastasse tudo o que eu tinha que aturar, teria de
andar com o rótulo de bastarda? Eu não daria esse gostinho àqueles que jamais
me entenderam – e que jamais me entenderão!
A senhora
está fazendo de novo…
Opa.
Perdón!
Mas se
esse era o motivo para alterar a certidão de nascimento, por que diminuiu três
anos de sua idade?
E eu sou
besta? Que mulher não quer parecer (ou melhor, ser) mais jovem? Aproveitei a
ocasião, querida. Daí que pensaram que eu havia morrido com 30 anos. Mas, cá
entre nós, eu tinha 33.
Como
conheceu Juan Perón?
Em 1944,
quando um terremoto atingiu a cidade de San Juan, Perón, que era chefe da
Secretaria de Trabalho, convocou os artistas para levantarem fundos e ajudar os
sobreviventes. Eu estava entre a escalação. No último dia, tivemos um baile de
gala com as autoridades. Foi lá que o encontrei.
Quando
viva, a senhora fez uma grande viagem pela Europa. Mas também viajou à beça
depois de morrer, certo?
É verdade,
chica. Perón saiu da Argentina às pressas com o golpe de 1955. Meu corpo, embalsamado,
ficou aos cuidados dos militares que destituíram meu marido. Me esconderam em
um túmulo na cidade de Milão, na Itália, sob o nome de María Maggi. Isso só foi
descoberto em 1971. De lá, fui para a Espanha, onde Perón estava exilado. E só
me levaram de volta à Argentina em 1975. Olha, foi cansativo…
O que
achou de ser interpretada no cinema pela cantora Madonna?
Sou fã da
Madonna, niña. Ela representa o poder feminino, que eu também representei em
outros tempos. Mas meus caros argentinos não gostaram muito, não. E eu os
entendo. Para eles, não há mulher à altura de Evita Perón!
- Avalie a entrevista levando em conta
os seguintes tópicos:
a) Nexo em perguntas e respostas.
b) Identificação do questionador e do
entrevistado.
c) Titulo da reportagem.
d) Breve descrição do entrevistado.
e) Ortografia.
f) Adequação ao tempo histórico.
FONTE: Brasil Escola